O prémio José rio beiro
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Domingos Kambunji
Quando
ouvi dizer de que o jornal de Angola atribuiu o seu prémio anual, o prémio José
rio beiro, ao José Eduardo dos Santos, fiquei convencido de que ele iria ser humilhado
todos os dias. Estava enganado. Afinal só é entregue uma vez por ano e o Zédu
vai ter de aguardar doze meses até à atribuição da próxima humilhação. Assim, não é verdade de que o Zédu vai
receber 365 ou 366 troféus, um em cada dia do calendário, de valor medíocre, de
acordo com a ética desse diário angolano.
O Zédu vai ter de esperar pelo último dia de 2013 para receber mais um
prémio José rio beiro. O rio beiro
poderia ter sido um pouco mais drástico e decidir atribuir prémios
retroactivos, trinta e muitos, para o Zédu encher uma prateleira com esses
troféus, só para fazer pirraça ao Putin, ao Mugabe, ao Kangamba, ao Kundi Pai
da Lama, ao Nandó, ao Kopelica, ao Manel Vicente, etc...
Toda a
gente sabe que a atribuição deste prémio obedece às mesmas condições que norteiam
os processos eleitorais em Angola.
Primeiro escolhe-se o vencedor e só depois é que se definem as regras,
as estratégias, as tácticas, as trafulhices e o momento em que se deve anunciar
o vencedor. Esta é a principal razão
porque a escolha do mais bajulado, em Dezembro de 2012, não causou qualquer
surpresa no território nacional, em países democráticos e nos países com
reigimes ditatoriais, onde o reigime angolano se inspirou ou os que copiaram o modelo
zéduardino.
O prémio rio
beiro, atribuído pelo jornal de Angola, por impossível que pareça, consegue ser
mais humilhante e hilariante do que o da honra do Putin, com que o Zédu foi
contemplado por ter sido o vencedor das últimas eleições (e das anteriores e
das futuras, se pretender continuar a ser rei-presidente), bastante atípicas.
O José rio
beiro ofereceu o prémio ao Zédu porque ele é “um amigo, chefe de família, pai,
avô e um grande companheiro”. Não sabia que o rio beiro foi oficialmente adoptado
pelo Zédu, com diferentes relações de parentesco e de relacionamento pessoal.
A minha
experiência profissional alerta-me para o facto de esses atributos, muitas
vezes, nada dizerem sobre o carácter da pessoa. Não faltam por aí “chefes de
família, pais, avós e companheiros” com comportamentos negativos, muito
desviados dos padrões da honestidade, responsabilidade e de estabelecimento de
sinergias que promovam o bem estar dos seus mais próximos e dos distantes. Que
se saiba, Angola não anda à procura de um “chefe de família, de um pai, de um
avô ou de um grande companheiro”. O rio
beiro talvez andasse e, pelo descrito, encontrou alguém que se
responsabilizasse pela sua custódia infantil. Angola sofre de injustiças sociais porque
carece de um líder, de um estadista honesto com um visão inovadora e abrangente,
que promova o bem estar de todos, mas mesmo de todos, os angolanos.
Os
angolanos, salvo algumas excepções, têm o problema da paternidade resolvido
desde o dia do seu nascimento. Muitos deles são vítimas de um outro mal, o mal
da padrasternidade que o soba do comité central do partido no poder esforça-se
por tentar impor na Nação, com a ajuda directa ou indirecta de muitos dos seus
filhos, netos, irmãos e camaradas bastardos e oportunistas, cabritescamente
adoptivos.
Na
impossibilidade de o Zédu poder receber o Prémio Nobel da Paz, devido ao seu
cadastro, o jornal de Angola decidiu compensá-lo e oferece-lhe o prémio do Pus,
o prémio José rio beiro.
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