Os Jacarés
do Bengo
·
Domingos Kambunji
Luanda - Em Luanda, “os semáforos foram
sobredimensionados”. Os que deveriam receber ordem para parar continuam a
avançar, impunemente, numa entropia cleptómana que asfixia. Esta longa e muito
lenta autofagia da Republicana-Monarquia continua a ser bajulada e
propagandeada por ardinas, promovidos a directores de Órgãos de Informação
Oficial, numa banha da cobra demasiado inconsistente, putrefacta e fedorenta. E
quando os falhanços do Cabritismo navegam em becos sem saída, há sempre a
possibilidade de desculparem-se com as consequências da segunda guerra
colonial, iniciada e vencida pelos colonos do MPLA, ou com as memórias e os
vícios do colonialismo português.
Muitas das melhorias de que Luanda necessita têm a
ver com a abertura de “enormes eixos de circulação” e com a abertura de
“enormes valas de drenagem das águas dos esgotos”. Só assim o país (em especial a cidade de
Luanda) poderá avançar para uma modernização inteligente, democrática,
abrangente, consistente e continuada.
É necessária a abertura de “enormes eixos de
circulação” de ideias inovadoras e inteligentes, para a implantação de uma
democracia onde a honestidade, a justiça, a promoção individual e social e a
melhoria da qualidade de vida, de todos os cidadãos, sejam uma realidade. É
necessária a abertura de “enormes valas de drenagem dos esgotos” para limpar a
sociedade da oligarquia reinante e dos arautos que dirigem os Órgãos de
Informação Propagandística Oficial, reles ardinas promovidos a cargos de
gestão. Só assim, citando as palavras de um famoso paraLamentar do MPLA, o país
poderá “avançar para a frente”.
Tanto quanto se percebe, existe a total certeza de
que o problema existente tem a ver com a adequação no funcionamento dos
“semáforos em Luanda”. A ordem para parar o desvio de dinheiros públicos já
deveria ter acontecido há muito tempo e os prevaricadores deveriam ser punidos
exemplarmente. As receitas nacionais não são premissas impeditivas da melhoria
da qualidade de vida em Luanda e em todo o território nacional, porque há
dinheiro. O principal factor que contibui para o atraso no desenvolvimento do
país está relacionado com o kapiango desavergonhado dessas receitas e a falta
de capacidade governativa dos Sobas diGestores.
Os índices de crescimento, tão propagandeados, são sofismas que embriagam
os mais incultos e distraídos.
Num próximo episódio desta novela dantesca, quando
se esgotarem as desculpas com a segunda guerra colonial ou com o colonialismo
português, os diGestores Oficiais e os ardinas, promovidos a directores da
Informação Propagandística Oficial, vão dizer que o Zédu preocupa-se muito com
o bem estar dos cidadãos angolanos, em
especial com a população de Luanda:
- os engarrafamentos de trânsito são culpa da
oposição e do Imperialismo e Neocolonialismo Internacional porque ainda não
foram capazes de inventar, produzir e comercializar carros-helicópteros;
- o criticismo à falta habitação é má fé da
oposição e do Imperialismo e Neocolonialismo Internacional, que tentam humilhar
a zéduardina, muito inteligente e eficaz, vulgarização do campismo;
- a fome de que padecem muitos angolanos é culpa do
estado do tempo e do clima e da oposição e do Imperialismo e Neocolonialismo
Internacional, porque ainda não inventaram, produziram e distribuiram vacinas
contra a necessidade de comer;
- os cortes frequentes e demorados no abastecimento
de electricidade são culpa da oposição e do Imperialismo e Neocolonialismo
Internacional, porque não são capazes de dar à luz campanhas de conformismo,
bajulação e servilismo ao Zédu;
- as
interrupções frequentes e demoradas no abastecimento de água à cidade de Luanda
foram decididads superiormente, muito
inteligentemente, pelo Rei-Presidente,
José Eduardo dos Santos, para que
as populações não sejam atacadas por jacarés que podem sair pelas torneiras,
provenientes da Estação de Bombagem do Bengo.
E muitos angolanos vão acreditar em todas estas
balelas!
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