Sunday, April 13, 2014


Monoscípios da Angolânia
·        Domingos Kanbunji

Os escribas da imprensa oficial da Zeduardânia, os que criticam a ambição da Ucrânia em eneveredar para um regime verdadeiramente democrático,  não param de surpreender com as suas tiradas cómicas. Eles não têm um sentido de humor muito apurado. A boçalidade abriga-os a desaguar no disparate, no ridiculo, porque a cultura geral e profissional não dá para muito mais.
Há alguns dias eles noticiavam, em grandes parangonas,  que os deputados do MPLA iam efectuar visitas a 161 municípios da Angolânia. Os desatentos ou mal informados devem ter ficado muito sensibilizados.  Os atentos e conscientes da realidade da Angolânia riram a bom rir, com gargalhadas demoradas, daquelas que fazem ir às lágrimas.
Os mal informados pensaram que esses deputados preocupam-se muito com as profundas desigualdades sociais, locais e regionais. Devem ter aplaudido muito ruidosamente, devido à ingenuidade patega.
Os conhecedores da realidade da Angolânia sentiram profundas náuseas e muito asco, depois de terem rido muito. A realidade diz-nos que na Angolânia não existem municípios.  Ainda muito recentemente esses deputados, que obedecem às propostas de lei ditadas pelo comité central do partido no poder e pelo Governador Geral, reprovaram uma discussão sobre autarquias, proposta por um partido da oposição.
Assim, é necessário esclarecer os senhores desatentos e os mal informados de que na Angolânia não existe um sistema e um poder municipal e o poder autárquico parece ser uma utopia, cada vez mais quimera. Os sobas do Reigime monárquico-presidencial fogem, como o diabo da cruz, da hipótese de dividirem o poder e a gestão do país, sob pena de perderem a possibilidade de serem controleiros de tudo e serem destituídos dos cargos, muito rentáveis, de Generais e Digestores Kapercentagem das obras públicas.
 Eles temem que a eleição, Democrática, de líderes locais e regionais atente contra o sofisma, insuflado articialmente através da propaganda partidária, da elevada competência e inteligência do Líder Querido da Angolânia, tal como acontece com o Querido Líder da Russânia ou da Coreia do Nortânia.  É por isso  e para isso que o Líder Querido nomeia os paiLamas do sistema para  cargos de chefes de posto e capatazes nas províncias, em vez de apoiar a eleição, Democrática, de Governadores Provinciais, Presidentes de Câmara, Vereadores, etc.
Na Angolânia ou Zéduardânia o  poder está centralizado numa só pessoa, o Líder Querido, e ele decide tudo e é o dono de todos os poderes: executivo, legislalivo e judicial.
Foi com grande espanto que ouvimos dizer o grande disparate de que na Angolânia iam criar o Tribunal da Relação.  O servidor do dono do poder executivo que anunciou essa “boa nova” parece encontrar-se completamente deslocado da realidade organizacional na Angolânia.
Na Angolânia todos os tribunais são da relação. Eles são obrigados a estarem todos muito bem relacionados com o Líder Querido e seus assistentes mais directos, numa atitude de obediência e subserviência. Se tal não acontecer... continua a haver muitos jacarés famintos ou os Milícias estão sempre disponíveis para irem esmurrar os narizes dos juízes.
Os tais deturpados, perdão, deputados, devem ter viajado para o estrangeiro,  para contactarem as populaçoes e observarem as realidades municipais ou autárquicas, que não existem na Angolânia. Espera-se que aprendam alguma coisa durante essa viagem. Quando regressarem irão ler as conclusões,  escritas antes da partida para essa viagem de constatação das realidades,  afirmando que o crescimento da Angolânia é tão acentuado que as fronteiras do país passaram a ser no Polo Norte, ultrapassando largamente as ambições do poder colonial português que, humilde e modestamente, apenas desejava ser proprietário do mapa cor de rosa.
Essas conclusões também vão relevar o facto de o Líder Querido ter-se preocupado muito com a alimentação das populações da Angolânia e, devido às qualidades nutricionais, descobertas pelos dietistas cabritistas do perímetro de segurança do palácio presidencial, os cidadãos vão passar a alimentar-se de cimento e alcatrão.  

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