Monoscípios
da Angolânia
·
Domingos
Kanbunji
Os
escribas da imprensa oficial da Zeduardânia, os que criticam a ambição da
Ucrânia em eneveredar para um regime verdadeiramente democrático, não param de surpreender com as suas tiradas
cómicas. Eles não têm um sentido de humor muito apurado. A boçalidade abriga-os
a desaguar no disparate, no ridiculo, porque a cultura geral e profissional não
dá para muito mais.
Há
alguns dias eles noticiavam, em grandes parangonas, que os deputados do MPLA iam efectuar visitas
a 161 municípios da Angolânia. Os desatentos ou mal informados devem ter ficado
muito sensibilizados. Os atentos e
conscientes da realidade da Angolânia riram a bom rir, com gargalhadas
demoradas, daquelas que fazem ir às lágrimas.
Os
mal informados pensaram que esses deputados preocupam-se muito com as profundas
desigualdades sociais, locais e regionais. Devem ter aplaudido muito
ruidosamente, devido à ingenuidade patega.
Os
conhecedores da realidade da Angolânia sentiram profundas náuseas e muito asco,
depois de terem rido muito. A realidade diz-nos que na Angolânia não existem
municípios. Ainda muito recentemente
esses deputados, que obedecem às propostas de lei ditadas pelo comité central do
partido no poder e pelo Governador Geral, reprovaram uma discussão sobre
autarquias, proposta por um partido da oposição.
Assim,
é necessário esclarecer os senhores desatentos e os mal informados de que na
Angolânia não existe um sistema e um poder municipal e o poder autárquico parece
ser uma utopia, cada vez mais quimera. Os sobas do Reigime
monárquico-presidencial fogem, como o diabo da cruz, da hipótese de dividirem o
poder e a gestão do país, sob pena de perderem a possibilidade de serem
controleiros de tudo e serem destituídos dos cargos, muito rentáveis, de
Generais e Digestores Kapercentagem das obras públicas.
Eles temem que a eleição, Democrática, de
líderes locais e regionais atente contra o sofisma, insuflado articialmente
através da propaganda partidária, da elevada competência e inteligência do Líder
Querido da Angolânia, tal como acontece com o Querido Líder da Russânia ou da
Coreia do Nortânia. É por isso e para isso que o Líder Querido nomeia os
paiLamas do sistema para cargos de
chefes de posto e capatazes nas províncias, em vez de apoiar a eleição,
Democrática, de Governadores Provinciais, Presidentes de Câmara, Vereadores,
etc.
Na
Angolânia ou Zéduardânia o poder está
centralizado numa só pessoa, o Líder Querido, e ele decide tudo e é o dono de
todos os poderes: executivo, legislalivo e judicial.
Foi
com grande espanto que ouvimos dizer o grande disparate de que na Angolânia iam
criar o Tribunal da Relação. O servidor
do dono do poder executivo que anunciou essa “boa nova” parece encontrar-se
completamente deslocado da realidade organizacional na Angolânia.
Na
Angolânia todos os tribunais são da relação. Eles são obrigados a estarem todos
muito bem relacionados com o Líder Querido e seus assistentes mais directos,
numa atitude de obediência e subserviência. Se tal não acontecer... continua a
haver muitos jacarés famintos ou os Milícias estão sempre disponíveis para irem
esmurrar os narizes dos juízes.
Os
tais deturpados, perdão, deputados, devem ter viajado para o estrangeiro, para contactarem as populaçoes e observarem as
realidades municipais ou autárquicas, que não existem na Angolânia. Espera-se
que aprendam alguma coisa durante essa viagem. Quando regressarem irão ler as
conclusões, escritas antes da partida
para essa viagem de constatação das realidades, afirmando que o crescimento da Angolânia é tão
acentuado que as fronteiras do país passaram a ser no Polo Norte, ultrapassando
largamente as ambições do poder colonial português que, humilde e modestamente,
apenas desejava ser proprietário do mapa cor de rosa.
Essas
conclusões também vão relevar o facto de o Líder Querido ter-se preocupado muito
com a alimentação das populações da Angolânia e, devido às qualidades
nutricionais, descobertas pelos dietistas cabritistas do perímetro de segurança
do palácio presidencial, os cidadãos vão passar a alimentar-se de cimento e
alcatrão.
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