Morreu António Kaquarta
Um amigo e leitor
vem, nesta data,
comunicar a morte do escritor
António Kaquarta.
António Kaquarta,
um cidadão desinteressado
e desde sempre enojado
com o capital
que é abusivamente roubado
dos diamantes e da SONANGOL,
foi um estudante atento e dedicado
das Universidades do JA, da TPA e da
RNA
e doutorado
nos conhecimentos do Comité Central
do MPLA
mas, com a evolução da vida
e porque esses conhecimentos
levam a um beco sem saída,
passou-se, tresmalhou-se.
O poeta, desapareceu,
com um ataque de sarcasmo e nojo
agudo,
quando foi anunciado o resultado
graúdo
com que o MPLA venceu as eleições,
liderado por um dos maiores ladrões
de que há memória
na história
de toda a África Austral,
um dos maiores a nível mundial.
O escritor
não deixou herdeiros
para reclamarem os dinheiros
dos seus direitos de autor.
Ele dizia que os seus trabalhos
tinham um reduzido valor
porque utilizou os conhecimentos
adquiridos
e ministrados pelos professores bem
vestidos,
demagogos bem nutridos,
das Universidades do JA, da TPA, da
RNA
e do Comité Central do MPLA.
O escritor não vai ter funeral,
porque evaporou-se do mundo terreal,
sem deixar rasto ou outros vestígios
e sem delegar o uso dos seus
prodígios.
O António Kaquarta recusou-se a
apodrecer,
demorada e lentamente,
como está a acontecer,
fedorentamente,
com o angolano Rei-Presidente.
Toquem batuques e birimbaus
e falem alto
contra os muito maus
que tomaram de assalto
o direito à dignidade, à liberdade, à
decência
e pretendem domar e castrar a
inteligência.
Essa é uma boa homenagem que poderão
oferecer
ao poeta que acabou de desaparecer.
Se forem eruditos
como o João Pinto ou o João Melo,
catedrátidos em contradição e
bajulação,
façam-lhe muitos manguitos
porque o António Kaquarta, do fundo
do coração,
ficaria muito satisfeito com essa
sincera homenagem
de reconhecimento pelas suas inteligência
e coragem.
Se com o António Kaquarta ficaram
zangados,
continuem como serventes obedientes e
conformados.
A vossa passividade e obediência
irá levar Angola à falência
e o vosso pirão
será de cimento e alcatrão,
enquanto os herdeiros dos senhores
feudais
viverão bem com o dinheiro dos paraísos
fiscais,
desviado em bom tempo pelos aldrabões
que acabaram de vencer as eleições.
Tenham calma,
não desejem paz à sua alma
porque o poeta que acabou de se
evaporar
nada revelou sobre a sua capacidade
para ressuscitar.
Consulino Desolado
(amigo e conselheiro do
António Kaquarta)
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