Bom Dia, Nelo de Carvalho
Na tua mensagem verifica-se que encontras-te muito incomodado pela
maneira como o processo de melhoria das condições sociais em Angola tem
evoluído. Cheguei à conclusão de que
para não entrar em depressão, um dos dois percursos deve ser seguido: o primeiro é rirmo-nos profundamente da
ficção desenvolvida nos órgãos de comunicação social angolana, em geral, optando
pelo conformismo e fatalismo, ou, o
outro, é o de manifestar a opinião crítica, persistentemente e
incansavelmente.
Ainda recentemente li um longo artigo de um tal João Pinto,
constitucionalista e jurista, a advogar a defesa de uma Constituição diferente
para “Brancos e para Pretos” e tentando desacreditar os críticos da Atípica, por
não perceberem a realidade política e social africana. Nesse momento não tive a
certeza se era um argumento para fazer rir, chorar ou vomitar.
A minha idade, suficientemente avançada e adulta para facilitar-me
interpretações e para observar as contradições, bastante jovem na coerência e na
acção, impede-me de enveredar pelo fatalismo e ajuda-me a gerir as emoções de um
modo bastante construtivo.
Não acredito que vão reescrever a Constituição norte-americana , agora
que os “Brancos” deixaram de ser maioria, ou que a Constituição brasileira seja
assim tão anquilosada, só para
respeitarem e obedecerem à filosofia do João Tinto.
Cheguei à conclusão de que o melhor caminho a seguir será o de continuar
a falar, a opinar, a desmascarar. Eu sou bastante insensível e estou vacinado
contra os zurros dos burros da comunicação social oficial angolana e de outros
arautos do Reigime. Verifico que eles não são surdos e a suas cegueira e
paranóia também poderão ser tratadas
pela persistência com que desejas Bons Dias a Angola, de uma maneira construtiva
e inteligente.
Ainda recentemente o Bolha, do pasquim oficial, tentava fazer passar a
imagem de que as estradas angolanas eram as melhores do mundo, em especial a que
segue para o Kuando Kubango. O Rio Beiro
encontra-se perdido nas picadas, esburacadas e lamacentas, onde se desloca o seu
trânsito mental. As últimas chuvadas vieram a demonstrar que as estradas
propagandeadas pelo Bolha, em especial em Luanda, são demasiado submarinas, como
são demasiadamente submarinos e subterrâneos os ideólogos de cata-vento que
tentam gerir as mentalidades para imporem um cultura de obediência cega, surda,
muda, fatalista e conformista.
Bom dia, Nelo de Carvalho.
Um abraço do
Domingos Kambunji
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