O
pateta angoluso de agora *
·
Domingos
Kambunji
[Quando vimos o comandante-chefe na
inauguração do Mundial de Futebol, pensamos que, por falta de comparência de um
dos países qualificados, o chefe tivesse dado alguma gasosa, daqueles biliões
que desaparecem dos cofres dos bancos sem deixarem rasto, ou do kumbu da venda de recursos naturais que
nunca aparece nas receitas do Estado, para colocarem “Os Palancas” numa das
séries em que as vitórias são decididas aos pontapés e às cabeçadas. Não, não houve países desistentes. O Brasil
não manda no Campeonato Mundial de Futebol. O Brasil só tem as despesas. Os
lucros vão todos direitinhos para as contas bancárias da FIFA. A presença do
comandante-chefe, como convidado, deve ter tido por objectivo dissuadir os
manifestantes nos protestos contra a injustiça social no Brasil. Alguns desses
manifestantes parece terem ficado convencidos de que o Dono de Angola levou
consigo muitos dos jacarés do Bengo para colocá-los ao serviço da
Dilma...]
O
pateta angoluso de agora tenta escrever crónicas, inspiradas nos Poetas
Andaluzes de outrora, sobre o Mundial de Futebol. No seu tempo, os Poetas Andaluzes acreditavam
em ideais de igualdade e justiça social para todos os seres humanos. O pateta angoluso de agora emigrou para
África, não tinha emprego na Europa, onde os bons escritores não cedem ao
oportunismo e ao mercenarismo sanzaleiro. Ele, demagógicamente, invoca os Poetas
Andaluzes de outrora para tentar defender os patrões da fome, do medo, das desigualdades
sociais e da repressão, vulgarizados pelo Reigime Feudal, o vencedor da Batalha
do Kuito-Carnaval. O pateta angoluso de agora esconde essas vergonhas por trás
das cortinas da incoerência e da demagodia, que tenta costurar com muitas
palavras de bajulação subserviente a um ser decadente.
O
pateta angoluso de agora é mercenário, comprado por trinta dinheiros de sangue,
pago para maldizer e incitar ao ódio contra os acreditam em muitos dos valores
defendidos pelos Poetas Anduluzes de outrora. Ele gatafunha muitas crónicas,
enfadonhas, misturando poesia com futebol e dignidade humana com filosofias de
bordel. Depois relembra e utiliza passagens de figuras que se notabilizaram,
fazendo-se passar por amigo intimo, como é o caso do Ernesto Lara, para tentar
ter relevo, adornando os seus escritos com muita purpurina escatológica do seu
narcisismo matarroano, da sua criatividade falhada. As suas crónicas, matumbas,
pategas, achulézadas, repletas de catinga, são um atentado contra a inteligência
e a critividade. A sua ideologia é saprófita.
Nós
também fomos amigos do Ernesto. Apesar dos momentos de depressão e de imaginação
fantasiosa do Lara (ele era especialista a inventar várias galgas muito
cómicas), se o Ernesto ainda fosse vivo, temos a certeza de que classificaria os
pensamentos deste pateta angoluso de agora como vapores do rego, oriundos de uma
diarreica incoerência intectual, de uma personalidade de má nota, defensor de
ideais de batota.
...
E os poetas populares escrevem rimas satirizando esse pateta angoluso de agora,
descrevendo o processamento mental desse parasita social: “Se o Bolor fosse pensador/e o oportunismo fosse
eloquência/este acessor do director/bajulador do Ditador/não teria mudado de
residência/aceitando ser um escritor/numa vitrina/de
latrina”.
Enquanto
o chefe vai apodrecendo na presidência, o pateta angoluso de agora constinua a
desintegrar-se, cada vez mais, com os seus escritos cabritistas. Ele aguarda,
sentado numa esplanada, consumindo alcool na companhia de mulheres de má nota, a
vinda da eloquência, o que nunca irá acontecer. Será dificil aparecer uma mulher
com cabeça que pense, capaz de amar este pateta angoluso de agora. Ele, para
além de ser parolo, tem ideias muito fedorentas. Só mulheres fáceis, com
microscópica inteligência e dignidade, se sujeitariam a fazer companhia, ao
pateta angoluso de agora, no consumo de cerveja e de Sbell, enquanto ele
aguardava o regresso do Ernesto, quando este último ia assitir aos jogos do
futebol suburbano.
[O
Sbell era o wisky baratucho que o pessoal gozava dizendo: Se Beberes Este
Líquido Lixas-te.] O pateta angoluso de agora já nasceu lixado, viveu sempre
lixado, por falta de dotes intelectuais, e ficou ainda mais lixado quando teve
de emigrar para Angola, porque a Europa não tem mercado para rosqueiros com uma
formação pessoal efluente de uma cultura de estrumeira. O Sbell não pode ser
culpabilizado por todas as atitudes e comportmentos do pateta angoluso de agora.
“A
cultura política da Dilma assenta num principio muito simples: primeiro come e
depois pensa”. A cultura política do
patrão do pateta angoluso de agora assenta num principio muitíssimo complicado
para os que não se alimentam: eles comem muita porrada quando tentam pensar. O
pateta angoluso de agora aplaude, bajula e venera esta cultura política do
Arquitecto do Pus.
* Folha8, junho 2014
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