Onde o vento faz a curva
Acolá, onde o vento faz a curva,
a minha emoção fica turva
com a infelicidade
dos que não vivem no centro da cidade.
Acolá, naqueles lugares marginais,
onde o cidadão só o é nas campanhas
eleitorais,
a minha revolta torna-se aguda,
por esta gente miúda
viver na poeira e na lama
de quem se autoproclama
como altruísta, com poderes especiais,
para o combate às desigualdades
sociais.
Acolá, onde o vento faz a curva,
vejo tanta gente órfã ou viúva
dos casamentos que deveriam ser duradouros
com os direitos à dignidade e ao pão.
Estas pessoas infelizmente são
somente os objectos para as promessas
eleitorais,
condenados a viver na materialização
dos maus agouros,
párias dos valores mais fundamentais
como seres, humanos, racionais.
cujos desígnios
estão entregues aos charlatões
que vencem as eleições
e sofrem de amnésia no final dos
escrutínios.
Acolá, onde o vento faz a curva,
o cortejo do Rei-Presidente da Nação
não veio para uma inauguração,
porque os que não têm para por na mesa
já vivem há muito tempo na pobreza.
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