Os Embustes Políticos
Em Angola existe um Assimilado, poeta e deputado, que consegue fazer a
tradução para a linguagem do Reigime das linguagens dos paradigmas, filosofias,
teorias vulgarizados no tempo do colonialismo, com uma eficiência que não tem
qualquer concorrente capaz de o igualar ou ultrapassar, na Republica-Monarquia
a caminho dos quarto decénios de existência.
Os “pretos” ou os “terroristas” como eram designados pelos propagandistas
do colonialismo, durante a guerra para a independência, agora são os elementos
de outros partidos ou os críticos da burrocracia, classificados, com um léxico
mais evoluído, como “embustes políticos”.
Os cábulas que nasceram “há duas décadas atrás” e os que preferem andar
distraídos a memorizar a História ditada pelo Rei-Presidente e escrita pelos
“poetas, deputados, juristas e politólogos” do Reigime, todos muito bem
trajados, não só com calças, com fatos completos e gravatas importados de Roma,
Lisboa, Nova Iorque ou Paris, não sabem que para além do céu da sanzala ou do
musseque existem muitos outros céus e vilas e cidades e aldeias e países,
alguns deles com as melhores universidade do mundo, em todas as áreas do
conhecimento. Estes vassalos do
Rei-Presidente são todos muito altruístas, oferecem as roupas usadas, aos
cidadão de segunda ou terceira categoria, durante as campanhas eleitorais. Também oferecem bicicletas, motas, notas de
cem dólares e garrafões de vinho aos que jurarem votar no partido do Reigime.
Eles ficam muito incomodados porque os “pretos ou os terroristas” como eram
designados antigamente, agora chamados de “embustes políticos”, defendem que
“os verdadeiros patriotas não temem a mudança”. O caciquismo dos Assimilados
Modernos é tão doentio que entrincheira-se no velho paradigma do Salazar, “quem
não é por nós é contra nós”, onde não existem adversários, apenas inimigos
figadais. Para os “poetas, deputados,
juristas e politólogos” do Reigime o apelo ao voto dos opositores junto de
camadas mais específicas da população é tribalismo e, pelo paradigma de
paranóias, propagandisticamente e parolamente vulgarizado pela cultura zéduardina,
um apelo a um regresso à guerra civil ou a outros tipos de violência física.
Isso são loengos de burro, bastante levedados, não são os loengos que nascem e
crescem naturalmente nas florestas angolanas.
Se o conteúdo está na forma, a forma que dá corpo ao conteúdo dos
loengos de burro é demasiadamente escatológica.
Os angolanos sabem, ou deveriam saber, que o crescimento do cimento e
alcatrão não é acompanhado por um desenvolvimento económico-social. As estatísticas
sociais, mesmo as do Reigime, não desmentem esta afirmação. As razias
efectuadas nos cofres do Estado, se fossem combatidas, poderiam minorar, em
grande escala, essas distorções sociais. Mas os “novos brancos” não podem
admitir esse facto, sob o risco de não serem incluídos nas listas do partido
para serem eleitos para o Paralamento.
Na Republicana-Monarquia, antes dos partidos da oposição expressarem o
seu pensamento e ideais, os “poetas, deputados, politólogos e juristas” do
Reigime antecipam-se, demonstrando um elevado grau de ansiedade paranóica,
propagandeando que eles vão proferir “ataques, insultos, mentiras e calúnias”.
Os “poetas, politólogos, deputados e juristas” fiéis ao Reigime, demasiado
acomodados à disciplina partidária, “mulheres de má nota apresentando-se como
virgens” ficam muito incomodados com a diversidade de opinião. O Estaline também ficaria e as vítimas
inocentes do 27 de Maio pagaram com a vida esse direito à liberdade de
pensamento ou difamação a que foram sujeitos por parte dos defensores do
paradigma imposto e ainda defendido nos nossos dias pelos “poetas” e seus
leitores convertidos ao Reigime.
O poeta deputado não tem comentários a fazer quando alguém afirma que
pretende combater a corrupção. É natural
que opte pelo comodismo, pelo silêncio, para não prejudicar os interesses do
Líder Querido e dos seus descendentes, generais e digestores. Não está
autorizado a falar sobre essa matéria, porque poderia comprometer o seu salário
e a próxima vitória eleitoral e as futuras.
O Jornal de Apoio, a Televisão Política de Angola e o Rádio dos
Nepotistas de Angola aplaudem muito ruidosa, demorada e multi-repetidamente a atitude
do poeta-deputado.
Estes “poetas, deputados, politólogos e juristas” nunca fracassarão nas
suas experiências políticas enquanto aplaudirem e permanecerem como totalmente obedientes
e fiéis Sim Senhores do Rei-Presidente, recusando-se pensar ou opinar sobre a corrupção
superiormente organizada.
A Inteligência e Diversidade de Pensamento dos “pretos e terroristas”,
os agora designados por “embustes políticos”, chateia muito os Assimilados pelo
sistema implantado, como demonstra o poeta e deputado.
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