Os
zumbidos do marimbondo
·
Domingos
Kambunji
O
Casimiro anda muito zangado porque, de acordo com as palavras deste marimbondo
do sistema, os jornalistas angolanos são insultados e ameaçados e a Europa fica
calada. Coitado. O Casimiro anda mesmo muito desnorteado, equivocado e
atrapalhado. Que se saiba, a nível
mundial, não só na Europa, os que são muitos criticados, pelo seu oportunismo e
servilismo matumbo, são os moços e as raparigas de recados que servem e
servem-se nos órgãos oficiais de informação falaciosa e propaganda, com especial
destaque para o pasquim onde o Casimiro se arrasta diariamente, revelando uma
enorme falta de eloquência, criatividade, civilidade e
humanismo.
O
rapaz deve ter amuado na esperança de lhe darem atenção, aguandando a
solidariedade das pessoas cultas, bem formadas, da Europa e do resto do mundo.
Está completamente enganado. Os
jornalistas europeus e outras instituições europeias e mundiais não pretendem
interferir na informação de cordel que vai acontecendo em Luanda, infelizmente
há demasiadas décadas. É bom que ninguém interfira, porque os arquivos do que se
publica hoje nos órgãos oficiais de informação falaciosa e propaganda irão
servir de prova, no futuro, que se deseja bastante próximo, para demonstrar quão
retrógrada, matumba e sanzaleira é a cultura zéduardina imposta em Angola e a
subserviência nojenta em que aceitam colaborar tantos moços e raparigas de
recados da propaganda.
Neste
tempo Feudal, os moços e as raparigas de recados dos ógãos de cumunicação
oficiais têm atitudes e comportamentos, visões e missões exactamente iguais às
que se usavam nos tempos coloniais.
É
do conhecimento geral de que existem vários jornalistas angolanos muito
respeitados e elogiados a nível nacional e internacional. Nenhum deles faz parte dos órgãos de
cumunicação e propaganda do Reigime de Luanda porque são inteligentes, bem
formados e recusam-se a participar na bajulação fedorenta ao actual Reigime
Feudal. Claro, o Reigime não gosta desses jornalistas. Alguns foram mortos e
outros são frequentemente perseguidos e até presos. O Reigime, inimigo da
Comunicação Social, só está interessado na informação propagandística, em
cumunicar, na defesa das imposições que impedem uma formação adulta e crítica
das mentalidades angolanas.
A
ditadura reage muito mal à critica porque tem telhados de vidro, vive em
paranóia e tem consciência da sua incompetência. A ditadura inventa lendas
patetas e rumores conspiratórios e impôem heróis de acordo com as conveniências
do poder. As sociedades democrática mais modernas e avançadas respeitam os seus
heróis por estes destacarem-se nas artes, na ciência, no aperfeiçoamento e
vulgarização dos direitos e deveres humanos.
As ditadura angolana exalta os senhores da guerra, os vencedores das
batalhas do kuito-carnaval, os que matam e mataram mais, os que surripiam
receitas estatais, os que contribuiram e contribuem para o avolumar das
desigualdades sociais.
O
Casimiro não deve andar preocupado. Nós rimo-nos muito, sarcásticamente, com o
seu modo de pensar atrasado, retrogrado, pré-histórico em relação ao jornalismo
que é praticado em países modernos, civilizados, avançados, bem educados e
instruídos. De um modo geral, o jornalismo que se pratica na Europa e nas
Américas, especialmente na do Norte, e o publicado por alguns jornalistas
angolanos independents do Sistema Feudal, em eloquência e competência, está
muitíssimo mais avançado, a anos luz, do que a cumunicação oficial angolana
produz. Nesses países os presidentes não são donos de pasquins oficiais, como
acontece com o Rei-Presidente angolano.
Ninguém
irá fazer mal aos moços e raparigas de recados da cumunicação oficial angolana.
Os deficientes não devem ser maltratados e, para além disso, em Angola, estes
agentes da informação propagandística até são bastante protegidos e aplaudidos
pelos milícias, polícias e esquadrões da morte do Reigime Feudal. O Casimiro pode continuar a dormir descansado
no exercício da sua profissão no pasquim oficial dos Senhores da Guerra. Só é de
lamenter que demore tanto a acordar.
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