Saturday, January 5, 2013


O prémio José rio beiro
 

·         Domingos Kambunji

Quando ouvi dizer de que o jornal de Angola atribuiu o seu prémio anual, o prémio José rio beiro, ao José Eduardo dos Santos, fiquei convencido de que ele iria ser humilhado todos os dias. Estava enganado. Afinal só é entregue uma vez por ano e o Zédu vai ter de aguardar doze meses até à atribuição da próxima humilhação.  Assim, não é verdade de que o Zédu vai receber 365 ou 366 troféus, um em cada dia do calendário, de valor medíocre, de acordo com a ética desse diário angolano.  O Zédu vai ter de esperar pelo último dia de 2013 para receber mais um prémio José rio beiro.  O rio beiro poderia ter sido um pouco mais drástico e decidir atribuir prémios retroactivos, trinta e muitos, para o Zédu encher uma prateleira com esses troféus, só para fazer pirraça ao Putin, ao Mugabe, ao Kangamba, ao Kundi Pai da Lama, ao Nandó, ao Kopelica, ao Manel Vicente, etc...

Toda a gente sabe que a atribuição deste prémio obedece às mesmas condições que norteiam os processos eleitorais em Angola.  Primeiro escolhe-se o vencedor e só depois é que se definem as regras, as estratégias, as tácticas, as trafulhices e o momento em que se deve anunciar o vencedor.  Esta é a principal razão porque a escolha do mais bajulado, em Dezembro de 2012, não causou qualquer surpresa no território nacional, em países democráticos e nos países com reigimes ditatoriais, onde o reigime angolano se inspirou ou os que copiaram o modelo zéduardino.

O prémio rio beiro, atribuído pelo jornal de Angola, por impossível que pareça, consegue ser mais humilhante e hilariante do que o da honra do Putin, com que o Zédu foi contemplado por ter sido o vencedor das últimas eleições (e das anteriores e das futuras, se pretender continuar a ser rei-presidente), bastante atípicas.

O José rio beiro ofereceu o prémio ao Zédu porque ele é “um amigo, chefe de família, pai, avô e um grande companheiro”. Não sabia que o rio beiro foi oficialmente adoptado pelo Zédu, com diferentes relações de parentesco e de relacionamento pessoal.

A minha experiência profissional alerta-me para o facto de esses atributos, muitas vezes, nada dizerem sobre o carácter da pessoa. Não faltam por aí “chefes de família, pais, avós e companheiros” com comportamentos negativos, muito desviados dos padrões da honestidade, responsabilidade e de estabelecimento de sinergias que promovam o bem estar dos seus mais próximos e dos distantes. Que se saiba, Angola não anda à procura de um “chefe de família, de um pai, de um avô ou de um grande companheiro”.  O rio beiro talvez andasse e, pelo descrito, encontrou alguém que se responsabilizasse pela sua custódia infantil. Angola sofre de injustiças sociais porque carece de um líder, de um estadista honesto com um visão inovadora e abrangente, que promova o bem estar de todos, mas mesmo de todos, os angolanos.

Os angolanos, salvo algumas excepções, têm o problema da paternidade resolvido desde o dia do seu nascimento. Muitos deles são vítimas de um outro mal, o mal da padrasternidade que o soba do comité central do partido no poder esforça-se por tentar impor na Nação, com a ajuda directa ou indirecta de muitos dos seus filhos, netos, irmãos e camaradas bastardos e oportunistas, cabritescamente adoptivos.

Na impossibilidade de o Zédu poder receber o Prémio Nobel da Paz, devido ao seu cadastro, o jornal de Angola decidiu compensá-lo e oferece-lhe o prémio do Pus, o prémio José rio beiro.

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