Wednesday, August 29, 2012


Onde o vento faz a curva

 

Acolá, onde o vento faz a curva,

a minha emoção fica turva

com a infelicidade

dos que não vivem no centro da cidade.

Acolá, naqueles lugares marginais,

onde o cidadão só o é nas campanhas eleitorais,

a minha revolta torna-se aguda,

por esta gente miúda

viver na poeira e na lama

de quem se autoproclama

como altruísta, com poderes especiais,

para o combate às desigualdades sociais.

Acolá, onde o vento faz a curva,

vejo tanta gente órfã ou viúva

dos casamentos que  deveriam ser duradouros

com os direitos à dignidade e ao pão.

Estas pessoas infelizmente são

somente os objectos para as promessas eleitorais,

condenados a viver na materialização dos maus agouros,

párias dos valores mais fundamentais

como seres, humanos, racionais.

cujos desígnios

estão entregues aos charlatões

que vencem as eleições

e sofrem de amnésia no final dos escrutínios.

Acolá, onde o vento faz a curva,

o cortejo do Rei-Presidente da Nação

não veio para uma inauguração,

porque os que não têm para por na mesa

já vivem há muito tempo na pobreza.

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