Saturday, July 28, 2012


Revisão da Constrição

 @ Jornal de Angola



O Jornal de Angola lança às águas o engodo no anzol, para pescar simpatias ou empatias, mas acaba por morder o isco e ficar preso no anzol quando, numa ignorante e cobarde caricatura, tenta criticar um partido da oposição por desejar rever a actual Constituição.

Não é novidade, para ninguém, de que a actual Constituição, no que se refere aos processos eleitorais, foi imposta de maneira a perpetuar no trono o Rei-Presidente e a sua corte, com escrutínios eleitorais muito dúbios.  Daí o facto de os candidatos a representantes do povo camuflarem-se ou escudarem-se em listas em vez de concorrerem a título individual.  As listas permitem a eleição de muito joio, fiel e fanaticamente obediente, para bajular as oligarquias reinantes.

A tragicomédia inicia-se com a escolha (imposição) do candidato a Rei-Presidente, sem uma votação directa do povo. Os escribas da Constituição, cobarde ou provincianamente, resolveram apresentá-lo na lista, por uma questão de precaução, não vá o diabo tecê-las…

Por que razão o eleitor não tem direito a um número de votos igual ao número de lugares a serem preenchidos com deputados e deputadas pelo círculo eleitoral?  Por que razão o eleitor não tem direito a escolher votar em personalidades de diferentes partidos, se achar que eles e/ou elas são os/as mais competentes para os cargos de representantes do povo, na defesa dos interesses das população e nacionais?

O clientelismo partidário é tristemente evidente, protegendo teimosamente o carneirismo gregário em obediência ao Querido Líder, em desfavor dos verdadeiros interesses das populações e da Nação.  O voto directo no candidato ou candidata e a sua eleição obrigam a uma responsabilização deste ou desta, como representante do seu universo específico, obrigando-o (a) a consultar os verdadeiros interesses dos seus eleitores para os processos de decisão, sem qualquer tipo de paternalismo ou maternalismo anquilosado.

A actual Constituição favorece a disciplina de voto no partido, o cabritismo e o nepotismo oligárquicos e a responsabilidade das decisões dilui-se na disciplina de voto da lista o do grupo parlamentar, podendo as decisões mais incoerentes e desonestas serem sempre protegidas e disfarçadas pelos sofismas e mentiras dos órgão oficiais de propaganda partidária, como são os casos do Jornal de Angola, da Rádio Nacional de Angola ou da Televisão Pública de Angola.

A revisão da actual Constituição não é um sacrilégio, é uma necessidade e um desafio para a implementação de um novo paradigma, num processo evolutivo da inteligência, da coerência e da honestidade. O Jornal de Angola não pensa assim porque pretende impor as teorias do novo regime colonial, onde Governador Geral será eternamente o Rei-Presidente e os deputados da maioria serão, em todas as circunstâncias e momentos, os seus mais fiéis e obedientes criados, para poderem garantir a sua continuidade nas listas e nos tachos do partido da maioria.

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