Revisão da Constrição
O Jornal de Angola lança às águas o engodo no anzol, para pescar
simpatias ou empatias, mas acaba por morder o isco e ficar preso no anzol quando,
numa ignorante e cobarde caricatura, tenta criticar um partido da oposição por
desejar rever a actual Constituição.
Não é novidade, para ninguém, de que a actual Constituição, no que se
refere aos processos eleitorais, foi imposta de maneira a perpetuar no trono o
Rei-Presidente e a sua corte, com escrutínios eleitorais muito dúbios. Daí o facto de os candidatos a representantes
do povo camuflarem-se ou escudarem-se em listas em vez de concorrerem a título
individual. As listas permitem a eleição
de muito joio, fiel e fanaticamente obediente, para bajular as oligarquias
reinantes.
A tragicomédia inicia-se com a escolha (imposição) do candidato a
Rei-Presidente, sem uma votação directa do povo. Os escribas da Constituição,
cobarde ou provincianamente, resolveram apresentá-lo na lista, por uma questão
de precaução, não vá o diabo tecê-las…
Por que razão o eleitor não tem direito a um número de votos igual ao
número de lugares a serem preenchidos com deputados e deputadas pelo círculo
eleitoral? Por que razão o eleitor não
tem direito a escolher votar em personalidades de diferentes partidos, se achar
que eles e/ou elas são os/as mais competentes para os cargos de representantes do
povo, na defesa dos interesses das população e nacionais?
O clientelismo partidário é tristemente evidente, protegendo
teimosamente o carneirismo gregário em obediência ao Querido Líder, em desfavor
dos verdadeiros interesses das populações e da Nação. O voto directo no candidato ou candidata e a
sua eleição obrigam a uma responsabilização deste ou desta, como representante
do seu universo específico, obrigando-o (a) a consultar os verdadeiros
interesses dos seus eleitores para os processos de decisão, sem qualquer tipo
de paternalismo ou maternalismo anquilosado.
A actual Constituição favorece a disciplina de voto no partido, o
cabritismo e o nepotismo oligárquicos e a responsabilidade das decisões
dilui-se na disciplina de voto da lista o do grupo parlamentar, podendo as
decisões mais incoerentes e desonestas serem sempre protegidas e disfarçadas
pelos sofismas e mentiras dos órgão oficiais de propaganda partidária, como são
os casos do Jornal de Angola, da Rádio Nacional de Angola ou da Televisão
Pública de Angola.
A revisão da actual Constituição não é um sacrilégio, é uma necessidade
e um desafio para a implementação de um novo paradigma, num processo evolutivo
da inteligência, da coerência e da honestidade. O Jornal de Angola não pensa
assim porque pretende impor as teorias do novo regime colonial, onde Governador
Geral será eternamente o Rei-Presidente e os deputados da maioria serão, em
todas as circunstâncias e momentos, os seus mais fiéis e obedientes criados,
para poderem garantir a sua continuidade nas listas e nos tachos do partido da
maioria.
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