Wednesday, July 18, 2012


Uma estrada para o paraíso do Rei Leão



A profecia (ou visão) do Pepetela, durante o período do muito violento e prolongado sono, sobre a Víbora de Cabeça ao Contrário, confirmou-se e foi muito para além do previsto inicialmente pelo escriba do Reigime. Ele pecou por defeito na análise acerca do estado de saúde mental  do Rei Leão. 

A Víbora de Cabeça ao Contrário, com o dom a ubiquidade e da transmutação, também é  o Rei Leão, regente da selva, com uma mania congénita para a ostentação e para o gamanço, (tratável pela psiquiatria nos países que o Rio Beiro define como decadentes, devido à bolha), agravada pela bajulação, contínua e muito activa, com a cabeça em rotações que vão da esquerda para a direita, para cima e para baixo, para a frente e para trás, parecendo uma agulha tonta, de uma bússola, a apontar para os lados de Pequim e de Moscovo e, sobretudo para os paraísos fiscais. 

A víbora de cabeça ao contrário por vezes mascara-se de general ou de herdeira ou herdeiro para deslocar-se a países onde esconde ou investe, egoisticamente, os recursos que deveriam ser repartidos por todas as populações do ecossistema, que ela diz estar a gerir de uma maneira justa e equilibrada, objectivando modernização e o desenvolvimento. Os movimentos da cabeça da Víbora de Cabeça ao Contrário são tantos e tais que muitos chegam a acreditar de que ela é multi-céfala e, por isso, é muito temida.

A Víbora de Cabeça ao Contrário, que também é o Rei Leão, é observada como víbora, venenosa, por muitíssimas pessoas.  O Bolha do pasquim oficial não consegue ver esse animal rastejante, com movimentos muito sinuosos para amansar, capturar  ou eliminar as suas presas. Este jornamentirista demonstra problemas de visão e de percepção muito graves e revela-se temente e uma presa fácil para o Rei Leão, a Víbora de Cabeça ao Contrário.

O Bolha foi ao Kuando-Kubango, “pela primeira vez, na década de 80” para efectuar uma daquelas observações tendenciosas que aplaudem os que durante a “guerra no auge” vencem por matarem mais. Nessa ocasião, diz ele, passou fome a partilhar algumas latas de conservas. Isso aconteceu no tempo em que os que passavam fome a partilhar lagostas e as receitas do petróleo, em Luanda, lutavam carniceiramente para defenderem os interesses das víboras da terra do caviar e do vodka, em declineo. 

O Bolha dormiu numa casa “arruinada, sem tecto. Choveu toda a noite. De madrugada alguém gritou que estava uma cobra naquela ruína. Saíram todos para a rua. Feita a inspecção detalhada, nada encontraram”.  Estas inspecções são frequentes no Reigime e nunca conseguem incriminar a Cobra de Cabeça ao Contrário, o Rei Leão, porque esta tem o poder de hipnotizar  e intimidar os seus servidores e capangas, com um domado ou reduzido coeficiente de inteligência.  O Bolha, nessa ocasião, resolveu regressar à ruína, continuou a dormir e, crê-se, para nunca mais acordar.  Ele parece estar muito satisfeito por continuar a ressonar na ruína.

Agora, com o sonambulismo que o caracteriza, o Bolha resolveu regressar para observar as grandes realizações do Rei Leão, a Cobra de Cabeça ao Contrário, no Kuando-Kubango.  Não viu uma Cidade do Caramba, perdão, do Kilamba, mas teve a oportunidade de vislumbrar muitas miragens.

A estrada “é a mais segura do mundo” porque”o trânsito é pouco intenso”. Os países que o Bolha diz estarem  em desintegração, em depressão, por causa da bolha, são uns grandes pancos. Eles andaram a construir auto-estradas, muito largas e compridas” que são usadas por um grande volume de trânsito.  Cambada de atrasados. “A melhor e mais segura estrada de Angola”, de acordo com as paLarvas do Bolha, é a estrada mais bem planeada de toda a humanidade. Os países atacados pela bolha deveriam seguir os ensinamentos do Bolha,  Eles deveriam planear e construir as enormes auto-estradas, muito largas e compridas, e proibir a circulação do trânsito, para poderem competir com a “melhor e mais segura estrada de Angola” e  “a estrada mais segura do mundo.

Os restantes países africanos podem dar ordens aos seus agricultores para enterrarem as enxadas e devolverem os tractores, as sementes e os adubos à origem  De acordo com os pensamentos e as paLarvas do Bolha, o Kuando-Kubango, região que os colonos designavam por Terras do Fim do Mundo, com “um sol abrasador durante o dia e frio cortante de noite”,  com vias de acesso abertas no tempo do colonialismo “com o passar dos carregadores e das viaturas nos areais”, pode “ser o celeiro de Angola e de toda a África”. Os especialistas em Agronomia da Rússia, do Canadá, da Austrália, da Argentina, do Brasil, da Holanda, da Alemanha, dos Estados Unidos da América do Norte, entre outros grandes produtores de cereais, não sabem que as condições edafo-climáticas referidas pelo Bolha permitem  ao Kuando-Kubango ocupar o primeiro lugar na forte competição das melhores produtividades em culturas arvenses. Cambada de ignorantes porque não frequentaram a Universidade do Comité Central do MPLA e nada sabem de Ingricultura.

O Rei Leão, a Cobra de Cabeça ao Contrário, está doente. Os ensinamentos aprendidos no Feiticeiro de Oz dizem-nos que o Rei Leão, tal como o Feiticeiro de Oz, é um grande cobardolas e impõe-se pela violência, intimidação e ostentação, não pelo exemplo, respeito, valores humanos, simplicidade e honestidade. Os que forem capazes de o enfrentar conseguem verificar que ele é megalómano mas muito inseguro e acha anormal não ser temido pela sua doentia propensão para a violência e pelo culto da paranóia.

Quanto ao Bolha, coitado do pobre de espírito, vive no paraíso, muito feliz com as suas visões delirantes, num sonambulismo militante crónico.

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